Voltando da aula de escultura, no campus cruzou comigo um sabiá, ainda jovem; foi caminhando a minha frente, atrasou o passo e ficamos lado a lado. Eu , a passos miúdos, e ele, a largos; às vezes virava a cabeça pra me olhar, não sei se desconfiado ou curioso.
- Por que caminhas e não voas? Indaguei.
Respondeu-me: - É sempre bom experimentar novas possibilidades!
- E tu, por que não voas? - perguntou-me.
- Porque não tenho asas, é lógico.
- Comparando-me a ti, sou infinitamente pequeno, mesmo sendo um pássaro grande, e tenho o cérebro do tamanho de uma avelã; arrume outra desculpa, seu cérebro é maior que eu.
Voe, experimente outras possibilidades - disse-me.
E voou...
São Paulo, 4 de dezembro de 2013
Wil Dupont