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Coisas sérias e bobagens

domingo, 17 de março de 2013

A casa de Frida Bauer, Pomerode, 1929

 Marido Hans Bauer

Casa abandonada na estrada entre Pomerode e Timbó.

Sala com uma mesa empoeirada.

Na outra sala, um retrato de casamento, um quadro bordado, uma meia guirlanda onde se via escrito "Der Gott geemut dieses Heim" (Deus abençoe este lar).

Na cozinha, uma mesa e duas cadeiras, um fogão de ferro e esmalte, e um ferro de passar de carvão.

Veveram felizes dois anos, quando Hans recebeu uam carta do primo de Schelswig Holstein, que ele tinha que ir até Kiel, que tem um farol e onde Hans passou a infância e a juventude, à beira do Mar Báltico.

Frida ficou reclusa até descobrir que estava grávida, só sainda para ir ao correio na esperança de notídicas do amado marido, mal se alimentando.

Esperou Hans por três anos... definhando, acabou louca.

Foi encontrada morta.

Tinha no hall da casa, ao lado da escada que dava para o segundo pavimento, um berço branco que acolheria o tão desejado filho.

Ela ia à cidade de charrete. Depois de certo tempo, doou o cavalo e a charrete foi deixada no estábulo ao fundo da casa. Então caminhava alguns quilômetros movida pela esperança, já pequena, de ter notícias de seu Hans.

O motivo de Hans ir para a Alemanha, Frida nunca soube.

No verão, quente, o caminho até a cidade era difícil e demorado e nos dias de chuva era ainda pior.

Dias felizes na casa sonhada e construída com capricho para servir de abrigo aos descendentes por muitas gerações.

Frida vivia de esperança: punha a mesa para dois com as porcelanas herdada da avó, o serviço de chá tinha um bule com o bico quebrado..

[2013]

 






Nota: o texto começou a ser pensado e escrito após uma visita à cidade de Pomerode, quando passamos várias vezes pela casa abandonada. Nas caminhadas surgiam os personagens, a situação vivida, as alegrias e a tristeza ali apreendida.

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